segunda-feira, 29 de outubro de 2012
O poeta Manuel António Pina, a propósito de Alberto João Jardim!
"o Jardim sempre que cá vinha telefonava-me e queria almoçar comigo.
Eu fiz a tropa com ele, sabe? Até dormíamos no mesmo beliche. A minha mãe costumava dizer que é na guerra e no jogo que se conhecem os homens.
E tem boa impressão dele?
Até fico ofendido com essa pergunta [risos]. Tenho a pior possível.
Vou-lhe contar um episódio que revela o comportamento daquele tipo, é o comportamento dos cobardes.
Na guerra estávamos na Acção Psicológica. Éramos dez tipos e eram quase todos do piorio, só havia três tipos que não eram fachos. Nós dez contestámos uma prova física que contava para a classificação e combinámos chegar todos ao mesmo tempo. Então fizemos a corrida em passo de cruzeiro, e 100 metros antes da meta o Jardim arranca a grande velocidade e rompe o acordo, o filho da puta, para ver se ganhava uns pontos extra. O azar dele é que arrancou a 100 metros e nós éramos todos mais ágeis que ele, está a ver a figura dele?, e ultrapassámo-lo todos e ele ficou em último lugar. Mas aquilo foi um acto de traição em relação a uma coisa que tínhamos acordado todos.
Mas apesar de já lhe ter chamado Bokassa ele nunca me pôs um processo e sempre que vinha cá telefonava-me para almoçar comigo.
Os políticos tratam-me sempre bem. São umas putas velhas".
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário