sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Sob a capa da Solidariedade

Obviamente que este julgamento e este critério fica à mercê de cada um, mas pelo menos faz pensar de facto.


Em Inglaterra, a cadeia de supermercados Waitrose, oferece uma moeda (uma chapa) a cada cliente que faz compras acima dum determinado valor. O cliente, à saída, tem, normalmente, três caixas, cada uma em nome duma instituição social sediada no município, para receber as referidas moedas, de acordo com a opção do cliente. Periodicamente, são contadas as moedas de cada caixa e a empresa entrega em dinheiro, à respectiva instituição, o valor correspondente, donativo esse que, diminui os seus lucros mas, também, tem o devido tratamento em termos de fiscalidade.

Em Portugal, as campanhas de solidariedade custam ao doador uma parte para a instituição, outra parte para o Estado e mais uma boa parte para a empresa que está a “operacionalizar” (?!...) a acção  Um país de espertos... até na ajuda aos mais necessitados. Mas nós ficamos quietos e calados, ou então, estupidificamos porque queremos... 

Muito triste, muito triste, mas é bom saber...

Programa de luta contra a fome.
Nada é o que parece.
Ora veja:
Decorreu num destes fins de semana  mais uma ação, louvável, do programa da luta contra a fome mas,....façam o vosso juízo!
A recolha em hipermercados, segundo os telejornais, foi cerca de 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Kilos.
Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 € (cinquenta cêntimos), repare que:
2.644.000 kg x 0,50 € dá 1.322.000,00 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total pago nas caixas dos hipermercados.
Quanto ganharam???:
- o Estado: 304.000,00 € (23% iva)
- o Hipermercado: 396.600,00 € (margem de lucro de cerca de 30%).
Nunca tinha reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas...
Devo dizer que não deixo de louvar a ação da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários.
MAIS....,

É triste, mas é bom saber...
- Porque é que os madeirenses, receberam apenas 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando o que foi doado eram 2 milhões e 880 mil?
Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000,00 € ?? !!!!!!
A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira, através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada.
Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 € + IVA. São 0,72 € no total.
O que por má-fé não se diz, é que o donativo que deverá chegar (?!!) ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 €.
Assim oferecemos 0,50 € a quem carece, mas, cobram-nos 0,72 €, mais 0,22 € ou seja 30%.
Quem ficou com esta diferença?
1º - a PT com 0,10 € (17%), isto é, a diferença dos 50 para os 60.
2º - o Estado com 0,12 € (20%), referente ao IVA sobre 0,60 €.
Numa campanha de solidariedade, a aplicação deu uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado, são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou.
A RTP anunciou com imensa satisfação, que o montante doado, atingiu os 2.000.000,00 €.
Esqueceu-se de dizer, que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 €, divididos entre a PT (400.000,00 €, para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000,00 €, para auxílio do reequilíbrio das contas públicas e aos trafulhas que por lá andam).
A PT, cobra comissão de quase 20%, num ato de solidariedade !!!
O Estado, faz incidir IVA, sobre um produto da mais pura generosidade!!!
ISTO É UMA TOTAL FALTA DE VERGONHA, SOB A CAPA DA SOLIDARIEDADE. É BOM QUE O POVO SAIBA, QUE ATÉ NA CONFIANÇA SOMOS ROUBADOS.
ISTO É UM TRISTE ESBULHO, À BOLSA E AO ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE DO POVO PORTUGUÊS!!!
Pelo menos. DENUNCIE!
 
"O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons."

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A Segurança Social por Raquel Varela

Também não sei até que ponto isto pode ser credível, na perspectiva, da exactidão. Uma vez que a SS portuguesa oscila muito, dependendo dos seus directores e dos nossos queridos governantes. Ora podem, em qualquer altura, se notarem que a SS está de boa saúde, transferir alguns fundos dali para ajudar noutra rubrica das finanças publicas. Sei lá, por exemplo pagar as rendas das PPP? Pagar mais meia dúzia de barragens? Ou comprar uns Drones aos EUA? Eu sei lá! A carneirada do costume.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sobre o anunciado corte de salários na função pública

No jornal Público vi este comentário de Fernando Reis Rosa, que resume bem que se vem passando há 5 anos para cá, isto na malha aos funcionários públicos. O privado, os trabalhadores de empresas privadas parece que são eles que têm contribuído para o país enriquecer e progredir...ou não!

 Fernando Reis Rosa:
1 - Os valores adiantados são salários brutos. Daqueles valores na prática recebe-se menos 10 a 25% (depende do valor base) 2 - Salários congelados desde 2000 exceto em 2008, progressões zero desde 2008, as reduções de 10% que já vêm de 2008, ADSE a pagar e bem, o ano de 2012 sem subsídios, 40 horas de trabalho, rescisões amigáveis, a estender para os técnicos em 2014, trabalhar sem recursos humanos, materiais e financeiros, ser tratado pela sociedade como uma gordura dispensável 3 - Quantos Funcionários do Estado pagam IRS? 100%. O que dizer a esse respeito das empresas e dos trabalhadores do privado? Tudo gente séria suponho... 4 - E ainda vêm dizer que os salários valem 23%, para logo a seguir vir reclamar saúde, educação, segurança e serviços públicos de qualidade. 5 - Juízo gente!

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Carta a um filho que emigrou - Por Nicolau Santos

(às vezes este senhor tem saídas que me deixam estupefacto, mas com este artigo concordo plenamente. Bem aproveitada a frase do Jorge de Sena.)

Carta a um filho que emigrou

Não sei, meu filho, como te vai correr a vida, agora que foste à procura de emprego fora de Portugal. Nem a dos teus amigos que estão no Brasil, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos, China, Angola, Moçambique. Sei somente que a tua geração se preparou, esforçou, estudou, trabalhou arduamente para ter um futuro diferente deste. Sei também que houve gerações antes de vossa que lutaram, sofreram, morreram para que este país fosse diferente e que não mais os seus cidadãos tivessem de emigrar para poderem ganhar a vida condignamente.
Sim, eu sei que a tua geração está muito mais bem preparada e é muito mais cosmopolita do que aquelas que emigraram nas décadas anteriores. O mundo para vocês não é algo desconhecido e que atemoriza. E sei que há muita gente que defende que esta emigração é excelente, porque vos coloca perante outras realidades profissionais, vos permite criar uma rede internacional de contactos e vos possibilita experiências que vos tornarão não só melhores especialistas nas vossas áreas como cidadãos do mundo.
Contudo, todos nós deveríamos ter o direito de viver no país onde nascemos. Emigrar por vontade e decisão é uma coisa, emigrar por necessidade e obrigação é outra muito diferente. Mas foi aqui que chegámos de novo: um país que não consegue criar empregos para os seus melhores ou que lhes oferece 700 euros por mês, que forma investigadores e cientistas em catadupa, mas que depois não lhes proporciona emprego nas empresas nacionais, que investe fortemente através dos seus impostos na formação altamente qualificada dos seus jovens e depois os deixa partir sem pestanejar para colocarem os seus conhecimentos ao serviço de outros países.
Sei ainda mais. Sei que vocês não deixam cá mulher (ou marido) e filhos. Vão constituir família nos países para onde foram obrigados a partir, ter filhos por aí, criar raízes noutras latitudes e com outras nacionalidades, o que tornará o regresso bastante mais difícil. Além disso, com a situação económica e etária que o país vive, este vai lenta e melancolicamente afundar-se com uma população de pobres, velhos e doentes, o que obviamente não atrai nem a energia nem a alegria dos jovens, nem o desejo de voltarem a viver por cá. Vocês voltarão algumas vezes pelas férias, mas a vossa vida será definitivamente nos países que vos acolheram e recompensam condignamente o vosso trabalho.
Vocês continuarão ligados a Portugal e vão até valorizar tudo o de bom que existe neste país, esquecendo a mediocridade, a inveja, a avidez, a corrupção, a luxúria, as desigualdades, a burocracia, a incompetência, o desrespeito por reformados, doentes e desempregados. Tentarão saber notícias pela net, ler livros em português, ver algum jogo de futebol nos computadores, enfim, sentirão vontade de estar mais ou menos a par do que por cá se vai passando. Mas pouco a pouco a distância, as exigências profissionais, os compromissos familiares vão sobrepor-se e vocês ir-se-ão distanciando do país e integrando cada vez mais noutras realidades, perante a indiferença da classe política e o incentivo do primeiro-ministro, que desconhece que um país que perde os seus melhores só pode ter um futuro sombrio à espera.
Parafraseando Jorge de Sena, que foi obrigado a exilar-se e sempre sentiu enorme raiva por isso, não sei que mundo será o teu, mas é possível, porque tudo é possível, que seja aquele que desejo para ti. Mas queria que fosses tu a escolhê-lo e não que te obrigassem a emigrar. E isso dói. A ti, a mim, à tua família, aos teus amigos. E devia doer, e muito, ao teu país.
Nicolau Santos

Podia muito bem ser Portugal

Podia ser Portugal:

um artigo interessante do Daniel Oliveira: "Madeira: não há dinheiro, não há palhaços"

Madeira: não há dinheiro, não há palhaços
Disse e escrevi várias vezes - e porque o disse e escrevi de forma vigorosa tive de visitar, com regularidade, o tribunal do Funchal - que no dia em que fechassem a torneira a Alberto João Jardim o seu domínio sobre a Madeira chegaria ao fim. Não porque o Estado central deva usar o controlo dos recursos públicos para premiar ou punir políticos de que não gosta. Mas porque o governo Regional da Madeira usa esse dinheiro, muito para lá daquilo a que, numa divisão equitativa dos recursos nacionais, lhe caberia por direito, para manter uma teia de interesses, cumplicidades e dependências. Porque, numa região onde nem sequer há, como no continente, uma lei de incompatibilidades para os deputados, o despudor na promiscuidade entre interesses políticos e económicos atinge níveis que até num país como Portugal são difíceis de tolerar. Porque, só para pegar num entre muitos exemplos, o dinheiro dos contribuintes serve para distribuir um jornal gratuitamente, tentando assim sufocar o pluralismo informativo.
A Madeira foi, nestes últimos 39 anos, um feudo de violação sistemática das regras democráticas, de atropelo à legalidade constitucional, de ataque às liberdades cívicas e de achincalhamento da ética republicana. Nada que o todo nacional não conheça por experiência própria, mas que ali atinge níveis insuportáveis. Alberto João Jardim tinha dinheiro para manter os eleitores satisfeitos, os aliados fiéis e os opositores divididos. Para comprar empresários e a poderosa Igreja Católica local. Foi com esse dinheiro, que fazia falta a outras regiões do país, mas que por razões que desconheço nunca lhe foi negado, que Jardim construiu as fundações do seu poder clientelar e arbitrário. E o caciquismo permitiu-lhe isolar a oposição, a que, com o poder económico e político todo dependente de Jardim, apenas os mais corajosos ou com fortuna própria se podiam dar ao luxo de pertencer.
Se a democracia portuguesa está doente (disso falarei noutro texto), a da Madeira está, há décadas, em estado de coma. Na realidade, a democracia plena não chegou a criar raízes na ilha. Até que, como sempre disse que teria de acontecer, a torneira se fechou. Não por decisão de algum governante mais escrupuloso, mas pela profunda crise nacional. A quase vitória interna de Miguel Albuquerque (anterior presidente da Câmara Municipal do Funchal) explica-se por isso mesmo. Num PSD/Madeira construído na base da traficância de cargos e negócios, a escassez deixou cada vez mais militantes fora do banquete. Que, ressentidos, procuraram novo senhor. Também se explicam assim os desentendimentos entre Jardim e o seu mais rasteiro colaborador, Jaime Ramos. E, por fim, é a crise que explica a brutal derrota eleitoral que o PSD teve, no domingo, na Madeira. Nunca foram os dislates e disparates de Jardim que lhe renderam votos. Disso os madeirenses riam-se. Era a bebedeira de despesa útil e inútil, legítima e de legalidade duvidosa, que, ao contrário do que muitos gostam de dizer, não tinha qualquer paralelo com o que se fazia no resto do País. Era uma lógica de apoio social que, em vez de combater a pobreza e a exclusão, limitava-se a criar laços de dependência política. Uma cultura que fez escola em vários partidos de oposição. Em que parte do País os deputados distribuem comida aos eleitores com o dinheiro das subvenções do Estado e acham que isso é politicamente aceitável?
Também sempre disse que a Câmara Municipal do Funchal era o calcanhar de Aquiles de Jardim. Não era impossível a oposição conquistá-la e, a partir dela, romper a teia jardinista. Não esperava que no dia em que isso acontecesse o PSD perdesse mais seis autarquias (em onze). Sem estas sete câmaras municipais o poder de Jardim, que sufocava financeiramente cada autarquia que lhe saísse das mãos, torna-se impossível de exercer. Sem dinheiro, sem grande parte do poder local, com o partido rachado a meio e com todos os ratos a abandonar o barco, Alberto João está politicamente morto. Não tem os instrumentos - o dinheiro e as fidelidades que ele compra, o medo e os silêncios que ele garante - para se manter no poder. A sua promessa de purga interna é apenas um daqueles momentos patéticos que a paranóia de todos os pequenos déspotas sempre nos reserva no momento de cairem da cadeira do poder. 
A coligação que juntou o PS, o Bloco de Esquerda, o PND, o PTP e o PAN (os últimos três são, na realidade, partidos regionais que adoptaram siglas de partidos nacionais já existentes) conseguiu um feito. Em que o PCP/Madeira deveria ter participado, não ficando de fora da festa regional e da festa que o partido teve no continente. Ou esta coligação aproveita o momento para construir uma alternativa credível para a região ou a fera ferida terá tempo para se recompor. E poderá nascer, dentro do PSD, um novo jardinismo sem Jardim. Mas a tarefa mais difícil vem depois: reverter quatro décadas de uma cultura clientelar que minou a democracia na Madeira. Se a pedagogia da democracia exigente é, como se viu em Oeiras (sobre isso escreverei amanhã), uma tarefa fundamental mas difícil em todo o país, na Madeira ela implica um trabalho hercúleo.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/madeira-nao-ha-dinheiro-nao-ha-palhacos=f833238#ixzz2gbvfJWi6

terça-feira, 1 de outubro de 2013

SÓ FALTAVA CULPAR OS PORTUGUESES PELA CRISE

NÃO ESTOU A PERCEBER. ENTÃO A CRISE NÃO ERA PORQUE GASTÁVAMOS ACIMA DAS NOSSAS POSSIBILIDADES? EM QUE É QUE FICAMOS?

Não adianta os cordeiros declararem-se vegetarianos enquanto o lobo tiver uma opinião diferente.
(William Ralph)


   O meliante e chefe de meliantes que temos como primeiro ministro, abraçou, de forma cega e fanática(passe a redundância) uma política de brutal austeridade, gabando-se mesmo de ir para além das exigências, já de si criminosas, da troika ocupante. Assim, destruiu mais de meio milhão de postos de trabalho aumentando para um milhão o número de desempregados, levou à falência milhares de empresas, cortou pensões, vencimentos, apoios sociais, levou ao limiar da pobreza milhares de trabalhadores com emprego e à miséria milhares de desempregados e idosos.
   Agora, com o descaramento de provocador a que já nos habituou... vem dizer:«A crise tem sido mais forte porque as pessoas gastaram menos do que previmos»
   Portanto, os culpados da crise, são os malandros dos portugueses que recorrem à “desculpa” de terem muito menos dinheiro, para justificar a atitude “anti-patriótica” de gastarem menos do que aquilo que o senhor primeiro-ministro previa.
Qual o grau de insolente desfaçatez que é preciso ter...para bolçar uma tal canalhice pela boca fora?