segunda-feira, 24 de novembro de 2014

José Gomes Ferreira faz pedido à Galp e à REN

Peço à Galp e à REN que façam um grande favor aos contribuintes

Exmos Srs Presidentes executivos da Galp e da REN, Engenheiro Ferreira de Oliveira e Dr. Rui Vilar:


Peço-vos encarecidamente que divulguem, o mais rapidamente possível, os pareceres jurídicos que vos levam a não pagar a contribuição extraordinária sobre o sector energético de 2014.
Será um grande favor, um verdadeiro serviço público, que farão a todos os contribuintes portugueses.
Os juristas que trabalharam para as vossas empresas, pagos a preço de ouro, são, certamente, grandes especialistas. Tão bons especialistas que conseguem arranjar argumentos para não cumprir uma lei da República, a Lei do Orçamento do Estado de 2014, onde o imposto extraordinário está previsto.
Por favor, divulguem esses pareceres para todos nós, contribuintes portugueses, podermos deixar de pagar a sobretaxa de IRS ao Estado. Sabem, é que os contribuintes normais não têm possibilidade de pagar estudos desses. E certamente que os argumentos invocados para não pagar a sobretaxa de IRC, são certamente utilizáveis para nós não pagarmos a sobretaxa de IRS. Basta copiá-los.
E sabem, cada um de nós até tem muito mais autoridade moral para utilizar esses pareceres e não pagar a sobretaxa de IRS do que as vossas empresas. É que, quando nós instalamos um pequeno negócio, não temos à partida uma rentabilidade garantida dos capitais investidos como a REN tem garantida por lei; e não temos a possibilidade de andar anos a fio a vender gás natural nos mercados internacionais e encaixar 500 milhões de euros de mais valias, por os contratos de abastecimento terem condições vantajosas, enquanto os consumidores portugueses continuam a pagar o gás nas suas casas a preço de ouro, como fez a Galp Energia.
De facto, a crise quando nasce não é para todos.
A pouca vergonha e a falta de decência chegaram a um nível inimaginável no meu País.
E têm carimbo de eficiência dado pelos melhores advogados portugueses. 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Manuel Pinho - ahahahah


Manuel Pinho queria que o Novo Banco (ex BES) lhe pagasse um ordenado de 39 mil euros por mês, como administrador do BES Africa. Mas a administração do Novo Banco decidiu atribuir-lhe um ordenado de... 2 mil euros. Dá vontade de rir porque a arrogância deste individuo é enoooorme, mas por outro lado, quantos portugueses não gostariam de receber este salário todos os meses, ou mesmo 50% dele.
É este país que temos...de brincar.

Diferenças de ... pronúncia

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Gente de brincar - Michael Lothar Mendes Seufert

E aí aparece mais um competente deputado, novo, ainda na flor da idade mas com um currículo profissional invejável. Poucos na AR se poderão gabar de tais competências: eis Michael Lothar Mendes Seufert. 

Para mais informações podem consultar o blog Portugal Glorioso.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Os Professores (Valter Hugo Mãe)

 
Parece-me que este texto do VHM vem propósito dos bons tempos que esta classe goza:

Achei por muito tempo que ia ser professor. Tinha pensado em livros a vida
inteira, era-me imperiosa a dedicação a aprender e não guardava dúvidas
acerca da importância de ensinar. Lembrava-me de alguns professores como se
fossem família ou amores proibidos. Tive uma professora tão bonita e
simpática que me serviu de padrão de felicidade absoluta ao menos entre os
meus treze e os quinze anos de idade.


A escola, como mundo completo, podia ser esse lugar perfeito de liberdade
intelectual, de liberdade superior, onde cada indivíduo se vota a encontrar
o seu mais genuíno, honesto, caminho. Os professores são quem ainda pode,
por delicado e precioso ofício, tornar-se o caminho das pedras na porcaria
do mundo em que o mundo se tem vindo a tornar.


Nunca tive exatamente de ensinar ninguém. Orientei uns cursos breves, a
muito custo, e tento explicar umas clarividências ao cão que tenho há umas
semanas. Sinto-me sempre mais afetivo do que efetivo na passagem do
testemunho. Quero muito que o Freud, o meu cão, entenda que estabeleço
regras para que tenhamos uma vida melhor, mas não suporto a tristeza dele
quando lhe ralho ou o fecho meia hora na marquise. Sei perfeitamente que não
tenho pedagogia, não estudei didática, não sou senão um tipo intuitivo e
atabalhoado. Mas sei, e disso não tenho dúvida, que há quem saiba transmitir
conhecimentos e que transmitir conhecimentos é como criar de novo aquele que
os recebe.


Os alunos nascem diante dos professores, uma e outra vez. Surgem de dentro
de si mesmos a partir do entusiasmo e das palavras dos professores que os
transformam em melhores versões. Quantas vezes me senti outro depois de uma
aula brilhante. Punha-me a caminho de casa como se tivesses crescido um
palmo inteiro durante cinquenta minutos. Como se fosse muito mais gente.
Cheio de um orgulho comovido por haver tantos assuntos incríveis para se
discutir e por merecer que alguém os discutisse comigo.


Houve um dia, numa aula de história do sétimo ano, em que falámos das
estátuas da Roma antiga. Respondi à professora, uma gorduchinha toda
contente e que me deixava contente também, que eram os olhos que induziam a
sensação de vida às figuras de pedra. A senhora regozijou. Disse que eu
estava muito certo. Iluminei-me todo, não por ter sido o mais rápido a
descortinar aquela solução, mas porque tínhamos visto imagens das estátuas
mais deslumbrantes do mundo e eu estava esmagado de beleza. Quando me
elogiou a resposta, a minha professora contente apenas me premiou a
maravilha que era, na verdade, a capacidade de induzir maravilha que ela
própria tinha. Estávamos, naquela sala de aula, ao menos nós os dois,
felizes. Profundamente felizes.


Talvez estas coisas só tenham uma importância nostálgica do tempo da
meninice, mas é verdade que quando estive em Florença me doíam os olhos
diante das estátuas que vira em reproduções no sétimo ano da escola. E o meu
coração galopava como se tivesse a cumprir uma sedução antiga, um amor que
começara muito antigamente, se não inteiramente criado por uma professora,
sem dúvida que potenciado e acarinhado por uma professora. Todo o amor que
nos oferecem ou potenciam é a mais preciosa dádiva possível.


Dá-me isto agora porque me ando a convencer de que temos um governo que
odeia o seu próprio povo. E porque me parece que perseguir e tomar os
professores como má gente é destruir a nossa própria casa. Os professores
são extensões óbvias dos pais, dos encarregados pela educação de algum
miúdo, e massacrá-los é como pedir que não sejam capazes de cuidar da
maravilha que é a meninice dos nossos miúdos, que é pior do que nos
arrancarem telhas da casa, é pior do que perder a casa, é pior do que comer
apenas sopa todos os dias.


Estragar os nossos miúdos é o fim do mundo. Estragar os professores, e as
escolas, que são fundamentais para melhorarem os nossos miúdos, é o fim do
mundo. Nas escolas reside a esperança toda de que, um dia, o mundo seja um
condomínio de gente bem formada, apaziguada com a sua condição mortal mas
esforçada para se transcender no alcance da felicidade. E a felicidade,
disso já sabemos todos, não é individual. É obrigatoriamente uma conquista
para um coletivo. Porque sozinhos por natureza andam os destituídos de
afeto.


As escolas não podem ser transformadas em lugares de guerra. Os
professores não podem ser reduzidos a burocratas e não são elásticos. Não é
indiferente ensinar vinte ou trinta pessoas ao mesmo tempo. Os alunos não
podem abdicar da maravilha nem do entusiasmo do conhecimento. E um país que
forma os seus cidadãos e depois os exporta sem piedade e por qualquer preço
é um país que enlouqueceu. Um país que não se ocupa com a delicada tarefa de
educar, não serve para nada. Está a suicidar-se. Odeia e odeia-se.

 Autobiografia Imaginária | Valter Hugo Mãe | JL Jornal de Letras, Artes e
Ideias | Ano XXII | Nº 1095 | 19 de Setembro de 2012

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ana Gomes e a saga do GES/BES

Ana Gomes: "Ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso"

>>>>>>>>>>>>>  Ouvir intervenção!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Escândalo GES chega à Suíça – ou quando os ricos ficam pobres

Opinião

Não foram só as Bolsas, outra razão apressou a sucessão no BES: antecipar-se ao iminente colapso do GES. Pois bem, ele começou. Como o Expresso hoje revela, já há “default” na Suíça. Há clientes que não estão a receber o dinheiro aplicado. Há uma minoria do país que vai deixar de ser silenciosa. Pobres ricos.
Não é mau agoiro, é boa informação. O barulho que se ouve não é sequer o da bomba, é ainda apenas o do rastilho. É curioso como o noticiário sobre a insolvência da ES International soou até aqui a coisa abstrata. Como se não tivesse consequências concretas. Tem, chama-se prejuízos. Muitos credores da ES International vão perder dinheiro. Muitos nem sabiam que eram credores.
A Portugal Telecom é um caso muito evidente, porque é uma empresa grande. Mas o veneno do papel comercial da ES International está disperso por centenas de carteiras de investimento. O Banco de Portugal cuidou do subgrupo que considerou mais vulnerável: os clientes de retalho em Portugal. De fora ficaram os clientes institucionais, que têm a obrigação de medir o risco do que andam a comprar. E de fora ficaram os clientes de retalho através de outros países. Através da Suíça. Muitos deles são… portugueses.
O Grupo Espírito Santo não é dono só um de banco, o BES. É dono também de um banco na Suíça, o Banque Privée Espírito Santo. É um banco que gere grandes fortunas e que tem muitos clientes portugueses. Nos últimos anos, o banco ganhou ainda mais clientes, porque muita gente teve medo do fim da moeda única e tirou dinheiro não só do país como da zona euro. E a velha Suíça, que inexplicavelmente tem boa fama embora preste os mais opacos serviços financeiros da Europa, acolheu fortunas imensas. E sim, também há fortunas imensas portuguesas. Onde investiu o Banque Privée esse dinheiro? Numa série de títulos. Incluindo em papel comercial do GES, que agora está em “default”. Em incumprimento. Chama-se calote.
Clientes do Banco Espírito Santo em Portugal transferiram dinheiro para o Banque Privée Espírito Santo na Suíça que foi investido na Espírito Santo International, que está falida.
Repare-se bem no emaranhado: clientes do Banco Espírito Santo em Portugal transferiram dinheiro para o Banque Privée Espírito Santo na Suíça que foi em parte investido em títulos de dívida da Espírito Santo International, que está falida.
Muita gente achará que é bem feito, os ricos que se lixem. É uma visão errada: a frase “a justiça deve ser igual para todos” também se aplica na lógica inversa à habitual. Mas não deixa de ser irónico que quem tenha querido fugir do risco de o euro desaparecer perca agora dinheiro; e que quem veja na Suíça um porto seguro perceba que a Suíça é uma casa onde senhoras de boa fama praticam atos de mulheres de má fama. Como dizia há mês e meio neste jornal Gabriel Zucman, autor do livro "A Riqueza Oculta das Nações", há €30 mil milhões de portugueses na Suíça. 80% desse dinheiro será, estima ele, de evasão fiscal. Se parte do dinheiro que agora for perdido por clientes do Banque Privée foi não declarado, então sim há um certo sentido de justiça: quem o perder nem vai poder reclamá-lo, pois é dinheiro que, para fugir aos impostos (se não a outra coisa), saiu por debaixo da mesa.
Talvez agora se comece a perceber a dimensão do que está a acontecer no GES, que vai avançar para um processo de reestruturação, que inclui a venda de ativos e a consolidação de passivos da ES International e da RioForte. O processo pode ser controlado, o dinheiro aplicado não vai ser todo perdido, mas sê-lo-á em grande parte, num processo que durará tempo. O caso só não é pior porque o Banco de Portugal protegeu os clientes que compraram papel comercial da ESI através do BES (nomeadamente da gestora de fundos ESAF). Senão, já teríamos bidões a arder na avenida da Liberdade. Assim, teremos processos judiciais. E teremos muitas famílias ricas a perder fortunas. Muitas não fizeram nada de mal. Apenas confiaram no nome Espírito Santo.
Ainda hoje não se sabe bem a totalidade do buraco do Grupo Espírito Santo, mas sabe-se que a dívida em papel comercial ultrapassa os seis mil milhões de euros. Os acionistas do GES (família mas não só) perderão muito dinheiro. Credores como a Portugal Telecom, a Venezuela e clientes do Banque Privée com títulos da ESI perderão dinheiro. Muitos ainda desconhecidos também. O próprio BES também perderá crédito concedido ao grupo, mas num valor suficiente para lhe resistir.
A sucessão vira a página no BES, mas a família Espírito Santo enfrenta muito mais que a desonra. Enfrenta prejuízos. No BES e no GES estamos a assistir uma mudança histórica, mas em fases diferentes. No BES é o fim do princípio, no GES é o princípio do fim. O BES gere pela vida, o GES luta contra a morte. Virou massa falida.

domingo, 6 de julho de 2014

BES CONVOCA CONSELHO DE ESTADO

Sistema partidário sem banca: o fim de um regime e o começo de outro


Tudo começou a rolar muito depressa no dia 22 de maio último, quando a Reutersdivulgou que o Luxemburgo começara a investigar irregularidades graves do Grupo Espírito Santo (GES) numa das suas empresas no Luxemburgo, detetadas numa auditoria da KPMG realizada a pedido do Banco de Portugal e divulgada no dia 20 de maio passado.

Em causa estão irregularidades nas contas da Espírito Santo International, que foram detetadas numa auditoria realizada pela KPMG a pedido do Banco de Portugal, informação que foi divulgada na noite de terça-feira no prospeto de aumento de capital do Banco Espírito Santo. A ES International é uma holding de topo na estrutura do império Espírito Santo, que concentra as participações na área financeira (o BES) e na área não financeira (a Rio Forte) — Expresso, 22.05.2014
(Reuters, 27-06-2014) - Luxembourg justice authorities have launched an investigation into three holding companies of Portugal's Espirito Santo banking family, the biggest shareholder in Portugal's largest listed bank which bears their name, a spokesman for the authorities said on Friday.

The three companies - Espirito Santo International SA, Espirito Santo Control SA and Espirito Santo Financial Group SA - are all holding companies in a complicated, cascading ownership structure by the family.

Banco Espirito Santo (BES) warned last month of "material irregularities" at one of the companies, Espirito Santo International.

The spokesman for Luxembourg's justice authorities said the investigation was launched on May 22 over alleged breaches of company law. He declined to give any further details about the investigation.

A situação é hoje clara: o grupo financeiro Espírito Santo está completamente falido, e começou a ruir às claras diante de todo o mundo no dia em que Ricardo Salgado tentou sucessivamente e sem sucesso um financiamento de urgência, no valor de 2.500 milhões de euros, junto dos governos português e angolano.

A abébia que o Banco de Portugal lhe dera há cerca de um mês, autorizando um empréstimo do BES, no valor de 100 milhões de euros, ao insolvente RioForte, uma das holdings do GES, foi apenas uma tentativa desesperada de impedir que o dique GES desabasse em plena operação de aumento de capital do BES.

O dique, entretanto, cedeu depois de Maria Luís Albuquerque, Pedro Passos Coelho e José Eduardo dos Santos terem recusado atirar dinheiro para um buraco negro que, soube-se hoje por uma nota do BPI citada pela Reuters (ler notícia noDinheiro Vivo), andará pelos 7.300 milhões de euros.
“...de acordo com fontes da imprensa, a ESI tem entre 2.000 e 2.500 milhões de euros de ‘book value’ negativo e a dívida total do GES está nos 7.300 milhões de euros”.

Para agravar este colapso irremediável soube-se ainda que a PT decidiu, sem consultar 90% dos seus acionistas, ajudar um dos seus sócios comprando 900 milhões de euros de papel comercial ao insolvente RioForte. Resultado: as ações do BES fecharam hoje a cair 11,43%, as do ESFG, cairam 18,51% e as da Portugal Telecom, 5,64%, e o PSI20 1,65%.

Entretanto Cavaco Silva convocou ontem o Conselho de Estado para o dia 3 de julho. Até lá iremos assistir a uma verdadeira derrocada bolsista da Senhora Dona Branca Espírito Santo e Comercial de Lisboa


Apesar dos motivos oficialmente invocados, parece evidente que quem convocou de facto o Conselho de Estado foi o GES, ou melhor, a implosão acelerada do banqueiro do regime. Ninguém sabe que parte do BES poderá vir a ser engolida pela implosão do grupo. Ninguém sabe, aliás, muitas coisa, nomeadamente sobre os fundos de capitalização do grupo, sobre submarinos, herdades, aeroportos, campanhas eleitorais, e muito mais. Mas sabe-se, isso sim, que o sistema partidário indígena está neste momento em estado de choque, a começar pelo CDS, que tentou in extremis levar Pedro Passos Coelho a usar dinheiro da Troika, via CGD e BCP, para acudir à família Espírito Santo sem lhe exigir, como vem estabelecido nas regras da Troika, a abertura do baú das contas.
Como escrevemos a 20 de junho, o colapso do BES pode arrastar o regime para uma crise sem precedentes!
A promiscuidade entre alguns banqueiros indígenas e a partidocracia que capturou o regime foi a base de uma estabilidade democrática ilusória, sustentada por uma desastrosa alocação de recursos financeiros importados, pelo consequente processo de endividamento que nos levou até à pré-bancarrota, e pela corrupção pandémica do regime e do país.
No entanto, depois da implosão do BPN e do BPP, da redução a cêntimos do BCP e Banif, e do grande estouro em curso do BES-GES, a base oculta, mas até agora decisiva, do nosso sistema partidário e do nosso regime pseudo-constitucinal ruíu.
Os principais responsáveis políticos e financeiros da tragédia que se abateu sobre o país tentam ainda e desesperadamente agarrar-se aos destroços do navio Portugal, em nome dos vícios que não conseguem abandonar. Mas o mais provável é que tenham um dia destes que responder em tribunal pelo mal que fizeram.
Neste sentido, Pedro Passos Coelho e António José Seguro, e esperemos que António Guterres, ou até Rui Rio, são a porta estreita que se entreabre entre um passado que não consegue, e sobretudo não pode voltar, e um futuro incerto, mas de rigor e esperança, que falta e é urgente construir.
Quem nos trouxe até a este buraco não merece senão a mão pesada da Justiça. Se a indígena, por corrupta, não servir, que venham os tribunais europeus recolocar este país nos carris!
PS: vale a pena ouvir o que disse ontem José Gomes Ferreira na SIC sobre a crise no BES.
E ainda o que disse Ana Gomes sobre o BES-GES (Youtube):
Ana Gomes desanca o BES Caso BPN foi um sucesso, BES queria repetir a façanha.

No Conselho Superior da Antena 1 desta manhã, Ana Gomes diz compreender "o esforço de tantos comentadores, sabichões e economistas em tentar isolar e salvar do lamaçal o BES, o maior e um dos mais antigos bancos portugueses, que emprega muita gente e ninguém quer ver falido e nacionalizado, mas a verdade é que o GES está para o BES como a SLN para o BPN".
Segundo a eurodeputada socialista, o "banco foi e é instrumento da atividade criminosa do grupo". "Se o BES é demasiado grande para falir, ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso", sublinha.

"Nem os empregados do BES, nem as Donas Inércias, nem os Cristianos Ronaldos se safam se o Banco de Portugal, a CMVM, a PGR e o Governo continuarem a meter a cabeça na areia, não agindo contra o banqueiro Ricardo Salgado e seus acólitos, continuando a garantir impunidade à grande criminalidade financeira, e não só, à solta no Grupo Espírito Santo", alerta.

Ouvida pelo jornalista Luís Soares, Ana Gomes recorda como começaram a ser investigadas as contas do grupo e afirma que o líder do BES, Ricardo Salgado, dizia não querer financiamento do resgate "para não ter que abrir as contas do grupo à supervisão do Estado, esse Estado na mão de governantes tão atreitos a recorrer ao GES/BES para contratos ruinosos contra o próprio Estado".

Para além de acusar Ricardo Salgado de tentar "paralisar as tentativas de investigação judicial" em vários casos -- como o dos submarinos, Furacão ou Monte Branco --, Ana Gomes argumenta que a mudança das regras da supervisão bancária a nível europeu "obrigou o Banco de Portugal a analisar as contas do GES/BES a contragosto e com muito jeitinho".

A eurodeputada socialista critica a escolha da consultora PMG -- "uma empresa farta de ser condenada e multada nos Estados Unidos, no Reino Unido e noutros países por violação dos deveres de auditoria e outros crimes financeiros" e que "foi contratada pelo BES desde 2004, pelo menos, para lhe fazer auditoria" --, só que "a borrasca era tão grossa que nem a PMG se podia dar ao luxo de a encobrir".

O PSD vai lançar um Canal TV

Previsão da Programação do novo canal de TV do PSD

O PSD vai ter um Canal próprio de TV

A equipa técnica, que está ainda em debate, deverá incluir:

Director Financeiro: Oliveira e Costa
Provedor de Ética: Miguel Relvas

Para além dos normais Telejornais, conduzidos por Manuela Moura
Guedes, a programação deverá incluir, no prime-time, uma série de
“talk shows”:

Segunda: “CSI Oeiras”, com Isaltino de Morais
Terça: “Portugal dos Pequeninos”, com Marques Mendes
Quarta: “Moda e Elegância”, com Carlos Abreu Amorim
Quinta: “Macho Latino”, com Paulo Portas e Pedro Mota Soares
Sexta: “Ética nos Negócios”, com Dias Loureiro

Ao Sábado e ao Domingo, haverá dois Concursos de Cultura:
“De onde sopra o Vento?”, com Marcelo Rebelo de Sousa, e
“Quem matou a Velha?”, com Duarte Lima.

As manhãs da semana, serão abrilhantadas com um programa de Culinária:
“Os meus Aventais”, com Luís Montenegro.

Para assegurar a total independência do canal, estão ainda pensados
diversos debates de membros do Governo, com os principais líderes da
oposição: Manuela Ferreira Leite, José Pacheco Pereira e Rui Rio.

Quinzenalmente, Alberto João Jardim animará um debate de Alcoólicos Anónimos.

Finanças agora trabalham para as PPP´s? Isto é tudo deles?

Isto prova que este país é mesmo de brincar. É um verdadeiro nojo o que se passa, para já  não falar na desculpabilizam das concessionárias de autoestradas quando há acidentes devido a objectos estranhos na via!!!

terça-feira, 29 de abril de 2014

. Pacheco Pereira - O país que "vivia vida de rico"....

«Falando num debate corporativo, Vítor Bento, economista, conselheiro de Estado, disse, no mesmo dia em que novos dados sobre a gravidade do empobrecimento dos portugueses vieram a público, que “o país empobreceu menos do que parece. O país já era pobre, vivia era com vida de rico” [...] Deixo de barato a questão do sujeito da frase, esse perverso “nós”, que nos iguala a todos diante do professor com a palmatória na mão, mas volto-me para o que, nesta tese, é revelador dos discursos situacionistas dos nossos dias. Para além do desprezo e da nonchalance de falar assim do “empobrecimento” dos outros, e que tem entranhada uma condenação moralista dos maus hábitos dos portugueses, estes homens virtuosos como Vítor Bento dizem-nos coisas reveladoras. [...]

Desde quando é que os portugueses foram “ricos”? Quantos portugueses fizeram, como ele diz, “vida de rico”? Quando é que se viveu uma “riqueza que era aparente”? Em 2005, quando Sócrates começou a cortar o défice, com um aplauso hoje esquecido? Em 2004, no rápido reino de Santana Lopes quando anunciou ao Frankfurter Allgemeine que vinha aí a “retoma”, o “fim da crise”, a “economia a recuperar”, “todos os sinais são bons” e “nova baixa de impostos”? Em 2002, quando estávamos de“tanga” e ou era ou estradas ou criancinhas? Nos anos de Guterres, onde se distribuiu o bodo (como aliás com Sócrates) aos mesmos empresários e banqueiros que louvaram esses governos com a mesma intensidade com que louvam o actual? No tempo de Cavaco Silva e dos milhões que chegavam todos os dias? Ou desde o 25 de Abril, em que se perdeu o respeito pelo ouro das caves do Banco de Portugal? Estamos a falar de Portugal?

Mas de que “riqueza” é que estamos a falar? Não é a dos ricos da Forbes. Eu sei o que é a “vida de rico”a que ele se refere, quer àquela que serve para ilustrar o moralismo do discurso, quer àquela que verdadeiramente o preocupa. [...] a “vida de rico” inclui também comprar o Expresso aos sábados, ter televisão por cabo, ser sócio do Benfica e ir aos jogos, ir ao restaurante de vez em quando, comer marisco, comprar livros do José Rodrigues dos Santos, ter expectativas europeias, de ser como os franceses que se vêem nos filmes, ter um carro, mandar os filhos à universidade e ser parte da muito escassa opinião pública.

Ou seja, fazer parte da primeira geração em Portugal que já não tem memória directa da enorme pobreza rural que os seus pais e avós ainda conheceram, que beneficiou do elevador social que foi a educação e o Estado (sim o Estado que, em todos os países democráticos, tem essa função de criar uma classe média... nem que seja para servir de tampão entre os proletários e os milionários. Perguntem ao Bismarck.) e que representa... a única, débil e, pelos vistos, precária modernização de Portugal. Ou, para quem abomina o termo modernização, a primeira geração que acedeu aos padrões de consumo, que a pequena burguesia europeia, a chamada “classe média baixa”, já tem há muitos anos. [...]

A legitimação do ataque a salários, pensões e reformas, do quase confisco administrativo e fiscal do rendimento das pessoas e das famílias, da facilitação do despedimento para criar um exército de mão-de-obra barata, enquadra-se na ideia de que é aí que está a “riqueza aparente” que uma sã economia não pode tolerar, primeiro porque as pessoas consomem mais do que o que devem, depois porque é preciso baixar os salários para o “custo” da mão-de-obra ser “competitivo”. Atacar essa “riqueza”inexistente para abrir caminho à absoluta necessidade da pobreza, é um instrumento político, e é uma ideia sobre Portugal e os portugueses.

Por isso, esperem por mais, porque se “o país empobreceu menos do que parece”, é porque ele ainda não empobreceu tudo o que podia e devia. E a receita que vem aí é óbvia, é tornar permanente os cortes de salários e pensões, para que o tempo actue todos os dias tornando as pessoas e as famílias insolventes, endividadas perante credores muito mais hostis, incapazes de gerir a sua situação e a sua vida, e os que não podem emigrar ficarem por aí aos caídos ou à porta de qualquer banco alimentar. Sem estes portugueses poderem viver aquilo a que Bento chama com desprezo “vida de ricos” ou aceder a ela, sem esses portugueses restaurarem uma escada social que permita a pobreza não se tornar num gueto, e haver uma classe média que puxe para cima, não há saída para Portugal.»

Publicado por Eduardo Pitta no blogue Da Literatura

terça-feira, 11 de março de 2014

Um Parecer de Nicolau Maquiavel, por Ricardo Araújo Pereira

PARECER
 Por: Ricardo Araújo Pereira
"Caro Sr. primeiro-ministro, O conjunto de medidas que me enviou para apreciação parece-me extraordinário. Confiscar as pensões dos idosos é muito inteligente. Em 2015, ano das próximas eleições legislativas, muitos velhotes já não estarão cá para votar. Tem-se observado que uma coisa que os idosos fazem muito é falecer. É uma espécie de passatempo, competindo em popularidade com o dominó. E, se lhes cortarmos na pensão, essa tendência agrava-se bastante. Ora, gente defunta não penaliza o governo nas urnas. Essa tem sido uma vantagem da democracia bastante descurada por vários governos, mas não pelo seu. Por outro lado, mesmo que cheguem vivos às eleições, há uma probabilidade forte de os velhotes não se lembrarem de quem lhes cortou o dinheiro da reforma. O grande problema das sociedades modernas são os velhos. Trabalham pouco e gastam demais. Entregam-se a um consumo desenfreado, sobretudo no que toca a drogas. São compradas na farmácia, mas não deixam de ser drogas. A culpa é da medicina, que lhes prolonga a vida muito para além da data da reforma. Chegam a passar dois ou três anos repimpados a desfrutar das suas pensões. A esperança de vida destrói a nossa esperança numa boa vida, uma vez que o dinheiro gasto em pensões poderia estar a ser aplicado onde realmente interessa, como os swaps, as PPP e o BPN. Se me permite, gostaria de acrescentar algumas ideias para ajudar a minimizar o efeito negativo dos velhos na sociedade portuguesa:
1. Aumento da idade de reforma para os 85 anos. Os contestatários do costume dirão que se trata de uma barbaridade, e que acrescentar 20 anos à idade da reforma é muito. Perguntem aos próprios velhos. Estão sempre a queixar-se de que a vida passa a correr e que 20 anos não são nada. É verdade: 20 anos não são nada. Respeitemos a opinião dos idosos, pois é neles que está a sabedoria.
2. Exportação dos velhos. O velho português é típico e pitoresco. Bem promovido, pode ter aceitação lá fora, quer para fazer pequenos trabalhos, quer apenas para enfeitar um alpendre, um jardim.
3. Convencer a artista Joana Vasconcelos a assinar 2.500 velhos e pô-los em exposição no MoMa de Nova Iorque.
Creio que são propostas valiosas para o melhoramento da sociedade portuguesa, mantendo o espírito humanista que tem norteado as suas políticas.
Cordialmente,
Nicolau Maquiavel"

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Acerca da desmotivação dos alunos - António Galrinho



Acerca da desmotivação dos alunos - António Galrinho

De uma vez por todas se caia na realidade e se deixe de pedir aos professores aquilo que não lhes compete. Estratégias para isto,estratégias para aquilo; lidar com a indisciplina, lidar com a
desmotivação. Aos professores não se deve pedir que arranjem
estratégias para resolver esses problemas, pois isso é admitir que eles são situações normais, correntes e com tendência a perpetuar-se.
Simplesmente não se pode admitir que eles existam como norma.
A escola pública oferece um ensino gratuito (gratuito!, à exceção da aquisição do material escolar), onde os alunos podem usufruir de refeições a um preço pouco mais do que simbólico, em regra com bons e ótimos equipamentos e professores. Os alunos mais carenciados têm comparticipação parcial ou total na aquisição dos seus materiais, nas refeições e nos transportes. De um modo geral os programas são adequados às faixas etárias e ao tipo de sociedade que é o nosso.
Estas condições por si só não são mais do que satisfatórias para que os alunos e as suas famílias se sintam naturalmente motivados?
De que raio de motivação extra precisam os alunos?

Em África, na Ásia e na América Latina há centenas de milhões de crianças e jovens que frequentam escolas (os que têm essa sorte) em condições miseráveis. E aí muitos deles estão bem mais motivados do que os nossos. Serão os seus professores melhores do que nós?
Possuirão eles as tais estratégias mágicas que nós, tecnologicamente apetrechados, não conseguimos vislumbrar?

É mais do que evidente que a motivação é uma treta quando colocada nas mãos dos professores, mas uma realidade quando olhamos para os sítios onde reside a sua génese: na sociedade em geral, nas famílias, em quem nos governa e na legislação obtusa que se produz. Por isso, os professores não têm que motivar quando não há motivos de origem pedagógica para o tipo de desmotivação com que deparam.

A mesma reflexão deve ser feita em relação à indisciplina, que também não é um problema que o professor tenha que resolver. A indisciplina é uma questão que, simplesmente e em circunstâncias normais, não deveria existir! Em circunstâncias normais, para resolver problemas pontuais de indisciplina o professor deveria precisar apenas de uma palavra:
"Rua!"

Se houver comportamentos desadequados nas salas de espera e nos gabinetes médicos dos hospitais serão os médicos a resolvê-las? Se a mesma coisa acontecer numa repartição de finanças são os funcionários que vão resolver? Num restaurante, num meio de transporte, numa sala de espetáculos...?

Ora, o professor não tem que motivar nem disciplinar, tem apenas que  ensinar, que é aquilo que se lhe pede cada vez menos. Nessas matérias peçam-se, pois, responsabilidades a quem realmente as tem, senão daqui a 50 anos quem cá estiver estará ainda a falar do mesmo.

António Galrinho

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Canção da Faturinha

Baptista Bastos sobre Cavaco Silva

 «O dr. Cavaco consumiu vinte minutos, no Centro Cultural de Belém, a esclarecer os portugueses que não havia português como ele. Os portugueses, diminuídos com a presunção e esmagados pela soberba, escutaram a criatura de olhos arregalados. Elogio em boca própria é vitupério, mas o dr. Cavaco ignora essa verdade axiomática, como, aliás, ignora um número quase infindável de coisas. O discurso, além de tolo, era um arrazoado de banalidades, redigido num idioma de eguariço. São conhecidas as amargas dificuldades que aquele senhor demonstra em expressar-se com exactidão. Mas, desta vez, o assunto atingiu as raias da nossa indignação. Segundo ele de si próprio diz, tem sido um estadista exemplar, repleto de êxitos políticos e de realizações ímpares. E acrescentou que, moralmente, é inatacável.

O passado dele não o recomenda. Infelizmente. Foi um dos piores primeiros-ministros, depois do 25 de Abril. Recebeu, de Bruxelas, oceanos de dinheiro e esbanjou-os nas futilidades de regime que, habitualmente, são para "encher o olho" e cuja utilidade é duvidosa.Preferiu o betão ao desenvolvimento harmonioso do nosso estrato educacional; desprezou a memória colectiva como projecto ideológico, nisso associando-se ao ideário da senhora Tatcher e do senhor Regan;  incentivou, desbragadamente, o culto da juventude pela juventude, característica das doutrinas fascistas; crispou a sociedade portuguesa com uma cultura de espeque e atrabiliária e, não o esqueçamos nunca,  recusou a pensão de sangue à viúva de Salgueiro Maia, um dos mais abnegados heróis de Abril, atribuindo outras a agentes da PIDE, "por serviços relevantes à pátria." A lista de anomalias é medonha.

 Como Presidente é um homem indeciso, cheio de fragilidades e de ressentimentos, com a ausência de grandeza exigida pela função. O caso, sinistro, das "escutas a Belém" é um dos episódios mais vis da  história da II República. Sobre o caso escrevi, no Negócios, o que tinha de escrever. Mas não esqueço o manobrismo nem a desvergonha, minimizados por uma Imprensa minada por simpatizantes de jornalismos e por estipendiados inquietantes. Em qualquer país do mundo, seriamente democrático, o dr. Cavaco teria sido corrido a sete pés.

O lastro de opróbrio, de fiasco e de humilhação que tem deixado atrás de si, chega para acreditar que as forças que o sustentam, a manipulação a que os cidadãos têm sido sujeitos, é da ordem da mancha  histórica. E os panegíricos que lhe tecem são ultrajantes para aqueles que o antecederam em Belém e ferem a nossa elementar decência.

É este homem de poucas qualidades que, no Centro Cultural de Belém, teve o descoco de se apresentar como símbolo de virtudes e sinónimo de impolutabilidade. É este homem, que as circunstâncias determinadas pelas torções da História alisaram um caminho sem pedras e empurraram para um destino que não merece. Triste República, nas mãos de gente que a não ama, que a não desenvolve, que a não resguarda e a não protege!

Estamos a assistir ao fim de muitas esperanças, de muitos sonhos acalentados, e à traição imposta a gerações de homens e de mulheres. É gente deste jaez e estilo que corrói os alicerces intelectuais, políticos e morais de uma democracia que, cada vez mais, existe,apenas, na superfície. O estado a que chegámos é, substancialmente, da responsabilidade deste cavalheiro e de outros como ele.

Como é possível que, estando o País de pantanas, o homem que se apresenta como candidato ao mais alto emprego do Estado, não tenha, nem agora nem antes, actuado com o poder de que dispõe? Como é  possível? Há outros problemas que se põem: foi o dr. Cavaco que escreveu o discurso? Se foi, a sua conhecida mediocridade pode ser atenuante. Se não foi, há alguém, em Belém, que o quer tramar.

Um amigo meu, fundador do PSD, antigo companheiro de Sá Carneiro eleitor omnívoro de literatura de todos os géneros e projecções, que me dizia: "Como é que você quer que isto se endireite se o dr. Cavaco e a maioria dos políticos no activo diz 'competividade' em vez de 'competitividade' e julga que o Padre António Vieira é um pároco de qualquer igreja?"

Pessoalmente, não quero nada. Mas desejava, ardentemente desejava, ter um Presidente da República que, pelo menos, soubesse quantos cantos tem "Os Lusíadas."»

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Vergonha Nacional - Jovem viajou 400 kms com um neurotrauma

Notícia do ionline:

O presidente da Câmara de Chaves revelou hoje que vai pedir explicações ao Ministério da Saúde, ARSNorte e CHTMAD

A Administração Regional de Saúde do Norte (ARSNorte) vai instaurar um inquérito para apurar as circunstâncias em que um jovem de Chaves, acidentado com um neurotrauma foi encaminhado para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
“Deliberou o Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, IP, instaurar um inquérito tendente a apurar o contexto em que os factos divulgados efetivamente ocorreram e se dessem início a todas as diligências necessárias para garantir a sua instrução e celeridade”, refere o organismo em comunicado enviado hoje à agência Lusa.
Um jovem de 20 anos, que sofreu um neurotrauma num acidente de viação no sábado, em Chaves, foi internado no Hospital Santa Maria, em Lisboa, devido ao hospital da cidade transmontana não ter a especialidade e não haver vagas nas unidades hospitalares da região Norte.
O jovem saiu de Chaves cerca das 06:00, depois de três horas de espera, fez cerca de 400 quilómetros até Torres Novas de ambulância onde, depois do pedido médico e dado o agravamento do seu estado de saúde, seguiu até Lisboa de helicóptero, onde permanece internado em coma induzido.
O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), onde está integrado o Hospital de Chaves, assegurou à Lusa que contactou “todos” os hospitais do Norte para internar o doente numa unidade próxima, mas não houve essa disponibilidade.
O presidente da Câmara de Chaves revelou hoje que vai pedir explicações ao Ministério da Saúde, ARSNorte e CHTMAD.
“É absolutamente incompreensível que os nossos hospitais de referência a nível [da região] Norte não tenham condições para receber todos os doentes e todas as situação de emergência. Isto não tem compreensão”, afirmou.
A agência Lusa está também a tentar obter explicações por parte dos hospitais de Braga, Porto e Coimbra sobre a alegada falta de condições para receber o doente.