terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Carta Aberta à Direcção do BPI ...


Ainda o senhor Ulrich. Esta carta chegou-me à minha caixa de email.

Exmos Senhores,

  Se o Exmo Senhor Presidente da vossa instituição pode vir aos media dizer as bacoradas que lhe sobem à boca, tipo vómito, ditas com raiva, gostaria de perceber porquê, então também tenho o direito de lhe endereçar algumas observações:

Primeiro, deixe-me desfazer o mito que a culpa da crise é das famílias, que se endividaram em demasia. Ó Sr. Fernando, olhe, mesmo antes da crise, quase todos os dias me ligavam da agência do Lazarim para me tentar vender jóias com diamantes (até sabiam a data de aniversário da minha mulher), serviços da Vista Alegre, relógios de ouro. Até me convidaram a experimentar um SAAB novinho em folha que estaria À porta da agência. Tudo tipo, leva já e começa a pagar daqui por uns meses.

  Dentro da minha ignorância, parecem-me ser outras as razões da crise, tais como:

  - criação de activos tóxicos por parte dos BANCOS

  - fraudes criminosas de milhares de milhões de Euros cometidas por administradores de BANCOS

  - PPP altamente lesivas dos interesses do Estado, efectuadas com consórcios participados por BANCOS

  - Facilitismo no crédito concedido pelos BANCOS

  - Desvio de fundos pelos BANCOS, provenientes do BCE, destinados ao crédito às empresas e a reanimar a economia, para comprar divida pública, a taxas mais proveitosas.

  Acha que foi o povo, a classe média, que provocou isto?

  Porquê? Como?

  Indo de férias para as caraíbas com um empréstimo do seu banco?

  Não, Sr. Fernando. Não nos coma por parvos. A ganância das instituições parecidas com a sua, mas muito maiores, a actuar sem controle de reguladores. Somada a isso a imcompetência generalizada dos políticos. A governação para o mandato, para a reeleição, em detrimento da governação estratégica. A corrupção, o compadrio, os lobbies, etc. etc.

  Foram essas as causas.

  E agora é o povo, a classe média e até os mais mal pagos. Os reformados, os doentes, os desempregados, que pagam a factura.

  E diz o Senhor, desculpe, mas que idiota: “ai aguentam, aguentam”. Sendo o “ai” uma atribuição de culpa.

  E a história dos sem abrigo.

  Diga-me lá o senhor se já alguma vez, com o seu fatinho de alta costura, gravatinha de seda e sapatinhos de 300 euros a brilhar, se chegou ao pé de um sem abrigo. Ali a dormir na estação do Rossio envolto em papelão.

  Já?

  Sentiu o cheiro da urina?

Sentiu?

  Viu a cor da pele?

  Viu-lhes a boca, os dentes, sentiu o hálito?

  Falou com eles?

  Teria coragem?
  Eles aguentam,não aguentam? Sabe como?

  Os miúdos cheiram recipientes de cola de sapateiro. Os graúdos uma garrafa de tinto e as dores vão-se.

  Você sabe do que é que está a falar?

  Da condição miserável dessa pobre gente que é a vergonha de todos nós, sociedade.

  Mas porque é que o Senhor vem dizer essas bacoradas à televisão?

  Só vejo duas hipóteses:

  Ou o Sr. é um grandessíssimo idiota,

  Ou então está a desenvolver uma grave doença do foro neurológico, e nesse caso muito lamento, com muito respeito porque tenho um caso grave na família.

  Aconselho uns testes psicossomáticos.

Entretanto vá evitando ir à televisão


  Cliente do BPI


  Jaime Pereira dos Santos

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